"Num domínio em que as formas geométricas simples — quadrados, triângulos, círculos, mas também cruzes, linhas ou quadriláteros — tendem a ser cenário e representação de alguma coisa que encontra sentido no conjunto das formas, afirma-se uma referência ás questões associadas ao objecto artístico do modernismo, as suas relações no espaço do desenho, da pintura ou do objecto per se, comprometidos com a pura visualidade plástica.
As séries apresentadas são o resultado da observação e da memória de algumas formas (na arquitectura) e geometrias simples, empíricas — cantos, vértices, esquinas — espaços vazios — sem fundo — sombras, a profundidade — do céu e do infinito — a tridimensionalidade das formas ou o que de mais plano as delimita. Estas formas, agora desenhos, ás vezes pinturas, ou aqueles outros que intuitivamente chamamos desenhos (mas ...) e que convocam na corporalidade do traço ou na imaginação material uma possibilidade de pensar...as coisas.
São trabalhos pensados como desenhos independentemente do modo como se resolvem. São desenhos, desenhos a tinta, quase pinturas. São formas recortadas á matéria, quase esculturas. Pequenas séries, frames. São desenhos mínimos — um corte, uma linha, uma marca, uma superfície. São desenhos em partes. São desenhos que formam outros desenhos, na parede.
São desenhos, que exploram a ideia de limite como circunstância do desenho. O limite do que pode ser um desenho. O desenho no traço, na superfície, no olhar que observa, no gesto que produz.
Um desenho que lida com as circunstâncias conceptuais, materiais, temporais mas também perceptivas que determinaram o seu processo. No corte, no gesto, no traço, na matéria e em última instância no corpo que se vai grafar na folha de papel, e o modo como o desenho incorpora essas marcas, — (em) geometrias tácteis — como uma extensão semântica, não só do corpo como do próprio desenho."
JJMarques, Maio, 2018
Entrada actualizada el el 04 may de 2018
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